INALAÇÃO DE OXIGÉNIO EM MEIO HIPERBÁRICO:
FUNDAMENTOS DA SUA UTILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO
Diplomado em Medicina Hiperbárica e Subaquática pela Universidade de Lílle - França.
Centro de Medicina Hiperbárica do Hospital da Marinha.
RESUMOA oxigenoterapia hiperbárica (HBOT) baseia-se na inalação de oxigênio puro a uma pressão ambiente superior àpressão atmosférica, através da qual se obtém, entre outros efeitos fisiológicos, um aumento da capacidade detransporte sanguíneo de oxigênio, à custa da sua fracção dissolvida no plasma, o que lhe confere propriedades anti-isquémicas e correctoras da hipóxia tecidular, anti-infecciosas, anti-edematosas e pró-cicatrizantes. No presenteartigo, são analisados os mecanismos fisiológicos que fundamentam o recurso à inalação de oxigênio em meiohiperbárico, no tratamento complementar das úlceras que complicam os pés dos diabéticos, inequivocamentehipóxicas e/ ou infectadas, caracterizadas pela resistência à restante terapêutica, com evolução para a cronicidade, oucom ameaça da integridade de parte ou da totalidade do membro afectado. Vários estudos reforçam a utilidade daaplicação da HBOT nas lesões acima referidas, contudo, todos eles enfermam de problemas metodológicos, pelo quese a figura de crucial importância, a realização de um estudo prospectivo, randomizado, multicêntrico, à escalaeuropeia, com vista à eventual validação científica desta técnica complementar de tratamento.
PALAVRAS-CHAVEOxigénio; Hiperbárico; Diabetes; Úlcera; Hipóxia; Infecção.
Hyperbaric oxygen inhalation: Its utilization in the management of the diabetic foot
Hyperbaric oxygen therapy (HBOT) consists in the inhalation of pure oxygen at high pressure, superior to theatmospheric pressure, aimed at increasing the blood capacity of oxygen transportation, through its dissolution intothe plasma. It has proven to increase the anti-ischemic, antihypoxic, anti-infectious and anti-oedema properties ofplasma, enhancing simultaneousiy the activation of the healing process. In the present paper, the main physiologicmechanisms of hyperbaric oxygen therapy are analysed, when used for management of ischemic complications ofdiabetic foot, either hypoxic or infected. Very often these lesions are resistent to the conventional therapeuticmeasures and the progress of the lesions represent a real threat to the integrity of the involved limb. Several previousreports have already emphasized the value of HBOT in the management of these patients, but generally they arelacking of methodologic structuration. In view of this, a prospective, muiticentric, randomised european studyshould be devised and implemented, to assess the scientific validation of HBOT in the management of thecomplications of diabetic foot.
KEY WORDSHyperbaric oxygen; Diabetic foot; Ulcer hypoxia; Infection.
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oxigênio é um elemento químico, não metálico, de símbo-
lo O, com o número atômico 8, massa atômica relativa de
15,9994, incolor, inodoro e insípido, que entra na compo-
sição do ar atmosférico, numa percentagem de 20,93%, e cons-titui o substracto essencial do metabolismo energético celular
aeróbio, tendo sido identificado originalmente em 1774, pelo
Quadro 1 – Variações das quantidades de oxigénio transportado no
químico inglês Priestley e pelo químico sueco Karl Scheel.
sangue, dissolvido no plasma e ligado à hemoglobina, em função das
O oxigénio (O2) é transportado no sangue, sob duas formas:
variações da pressão parcial de oxigénio inalado. (Mathieu D., Poisot
sob a forma dissolvida no plasma, e em combinação com a
D., Wattel F. - Oxygénotherapie Hyperbare en Réanimation. Réan.
hemoglobina sob a forma de oxihemoglobina (O2 + Hb- HbO2).
Soins lntens, Méd. Urg., 1986, 2, no 2:71:83)
Em ar ambiente, a quantidade de O2 que é transportado sob aforma dissolvida no plasma, representa cerca de 2% do volume
de de transporte sanguíneo de O2, faz-se à custa da sua frac-
total de O2 que é transportado pelo sangue, equivale a cerca
ção dissolvida no plasma, passando de 0,285 ml de O2/ 100 ml
de 0,285% do volume plasmático total (0,285 ml de O2/ 100 ml
de plasma em ar ambiente, para cerca de 6 ml de O2/ 100 ml de
de plasma) e contribui para cerca de 3% a 4% do total de O2
plasma, com inalação de O2 a 100% à pressão de três atmosfe-
que é consumido pelos tecidos, em repouso.”
ras absolutas, quantidade esta que é suficiente para suprir as
Nas mesmas circunstâncias, a oxihemoglobina contem
necessidades metabólicas tecidulares, em repouso (Quadro I).
cerca de 98% do O2 que é transportado pelo sangue, que equi-
A oxigenoterapia hiperbárica (HBOT), é uma técnica tera-
vale a cerca de 19,7% do volume plasmático total (19,7 ml de
pêutica que consiste na inalação de oxigénio puro a uma pres-
O2/ 100 ml de plasma) e que contribui para a quase totalidade
são ambiente superior à pressão atmosférica, e que está dota-
(96% a 97%) da oxigenação tecidular.”
da de propriedades anti-isquémicas, pró-cicatrizantes, anti-in-
A quantidade máxima de O2 susceptível de ser transpor-
fecciosas e anti-edematosas (Quadro II).
tado pela hemoglobina, equivale a 20,1 % do volume plasmáti-
O aumento da capacidade de transporte de O2 pelo san-
co total (20,1 ml de O2/ 100 ml de plasma), corresponde a uma
gue à custa da sua fracção dissolvida no plasma, proporciona-
taxa de saturação da hemoglobina pelo O2 de 100%, que se
do pelo aumento das pressões parciais de O2 inalado, é o
atinge quando a tensão plasmática de O2 é de 100 mmHg.
mecanismo fisiológico que fundamenta o recurso à HBOT em
De acordo com o postulado pela lei de Dalton, fundamen-
determinadas situações patológicas, como é o caso das úlce-
tada nas experiências de Bertholet, a pressão total, exercida
ras que complicam os pés dos diabéticos, em que a hipóxia é
por uma mistura de gases, é igual à soma das pressões parciais
um dos principais factores implicados na sua fisiopatologia, e
dos gases que compõem essa mistura. Assim, a pressão parcial
em que a infecção é uma das complicações mais frequente-
(Pp) de um gás constituinte de uma mistura gasosa, correspon-
mente envolvidas no agravamento do seu prognóstico (Qua-
de à pressão que o gás considerado teria, se ocupasse sozinho
o volume total da mistura, ou seja, o valor da pressão parcial do
As úlceras dos pés diabéticos, dada a sua etiopatogenia
gás é igual ao produto do valor da pressão total da mistura pela
multifactorial (Quadro V), caracterizam-se pela precocidade da
percentagem desse mesmo gás (Pp gás= Pressão total da mis-
sua eclosão e pela sua elevada prevalência, que é de cerca de
3% a 10% no seio da população diabética, razão pela qual os
A lei de Henry postula que a quantidade de gás dissolvi-
sistemas de classificação destas lesões se baseiam nas suas
do num líquido é directamente proporcional à pressão parcial
dimensões e no grau de infecção e/ou de gangrena associada
desse gás em contacto com a superfície do meio líquido. As-
(Quadro VI). A diabetes é causa de mais de 50% das amputa-
sim, os efeitos dos gases sobre o organismo humano estão
ções não traumáticas dos membros inferiores do adulto, e es-
directamente relacionados com as suas pressões parciais.
tas, em mais de 80% dos casos, são precedidas de úlceras dos
Como se depreende pelo exposto, o aumento das pres-
pés, complicadas com infecção não controlada, ou com gan-
sões parciais de O2 no ar alveolar, que se obtem por aumento
da percentagem de O2 na mistura respiratória e/ou por aumen-
As úlceras contribuem, assim, para o elevado impacto
to da pressão ambiente, faz-se acompanhar de um aumento da
sócio-económico do pé diabético, evoluindo não raramente
quantidade de O2 que se difunde para o capilar pulmonar e
para a cronicidade e para a recorrência, com resistência à tera-
que é transportado pelo sangue. Para tensões sanguíneas de
pêutica, comprometendo frequentemente a viabilidade de par-
O2 iguais ou superiores a 100 mmHg, o aumento da capacida-
te ou da totalidade do membro afectado.
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Quadro II – Fundamentos da inalação de oxigênio puro em meio hiperbárico no tratamento das lesões tróficas do pé dibético (do autor)
Por esta razão, a atenção da comunidade médica e cientí-
Alterações morfo-funcionais microcirculares
fica tem-se, cada vez mais, focado na procura e no desenvolvi-
mento de formas complementares do tratamento destas lesões,
como é o caso da oxigenoterapia hiperbárica, tendo como prin-
cipal finalidade, a obtenção da sua cicatrização e a melhoria do
prognóstico funcional e vital do membros em causa.
Artropatia de CharcotHipomotilidade articular
inalação de O2 em ambiente hiperbárico, proporciona
Má higieneDeficiente educação diabética.
um aumento da tensões tecidulares de O2, em consequ-
A ênciadoaumentodastensõesarteriaisdeO2,namedida
Quadro III – Fisiopatologia do pé diabético (do autor)
em que a difusão de O2 através dos tecidos pericapilares é
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Diminuição actividade fagocitáría PMN
Úlcera - Celulite - Abcessos - Osteomielite - Gangrena - Sepsis
Quadro IV – lnfecções Polimicrobianas do Pé Diabético: Mecanismos Sinérgicos Fisiopatológicos (do autor)
Grau 0: Risco elevado, ausência de úlcera
Grau 1: Úlcera superficial, não infectado em termos clínicos
Grau 2: Úlcera profunda +/- celulite, ausência de abcesso
Grau 3: Úlcera profunda com osteomilite ou formação de
Quadro VI – Classificação de Wagner das úlceras do pé diabético. Wagner FM. Algorithms of Diabetic Foot Care. In Levin ME, O’Neil LW(eds). The Diabetc Foot. 2nd Edc, St Louis: Mosby Yearbook,1983:291-302.
Quadro V – Fisiopatologia da úlcera do pé diabético (do autor)
directamente proporcional à raiz quadrada da tensão arterial
tecidos, e da tensão arterial de O2. Assim, quando em ambien-
de O2.” De acordo com o modelo matemático de Krogh, a ten-
te hiperbárico a tensão arterial de O2 se eleva de 100 torr (ina-
são de O2 num determinado ponto tecidular, é função da dis-
lação de ar à pressão atmosférica) para cerca de 2.000 torr
tância entre esse ponto e o capilar, e da tensão de O2 no leito
(ínalação de O2 puro a 3 atmosferas absolutas), a distância de
capilar. Esta, por sua vez, é função do débito sanguíneo capi-
difusão peri-capilar do O2 aumenta quatro vezes ao nível do
lar, da distância intercapliar, da taxa de consumo de O2 pelos
polo arterial capilar, e duas vezes ao nível do polo venoso.
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Em média, a quantidade de O2 capaz de perfundir os
do colagéneo, conferindo maior coesão estrutural e resistência
tecidos está multiplicada por três, no decurso de uma sessão
ao colagéneo da matriz de extracelular de tecido conjuntivo.
de oxigenoterapia hiperbárica realizada a duas atmosferas
A hiperóxia estimula indirectamente a angiogénese, facul-
absolutas, e esta hiperoxigenação tecidular persiste durante
tando aos neovasos a matriz de colagéneo que lhes serve de
cerca de duas a quatro horas após cada sessão terapêutica.
suporte e que lhes permite manterem-se viáveis e migrarem em
Estes princípios teóricos estão corroborados, na prática,
direcção ás zonas hipovascularizadas, ou avasculares, das
por vários autores, que demonstraram que no decurso de uma
sessão de oxigenoterapia hiperbárica, realizada a duas atmos-
A hiperóxia estimula directamente a angiogénese, por
feras absolutas, os valores das tensões tecidulares de O2
aumento dos gradientes das tensões de O2 ao nível das várias
zonas das úlceras, e por exacerbação das respostas das células
A inalação de oxigênio em meio hiperbárico, contribui
endoteliais vasculares aos estímulos angiogénicos.
para a melhoria da deformibilidade eritrocitária, frequentemente
A hiperóxia favorece indirectamente a taxa de reepiteli-
alterada nos diabéticos, melhorando as condições de
zação das feridas, proporcionando ás células epiteliais a matriz
filtrabilidade sanguínea através dos capilares nutritivos, o que
conjuntiva de suporte bem vascularizada, de que elas carecem,
contribui para o reforço das suas propriedades anti-isquémicas.
durante a fase do seu crescimento em direcção ao interior da
A HBOT actua também sinergisticamente com a pentoxifilina
lesão. A hiperóxia promove directamente a reepitelização das
feridas, como o comprovam estudos experimentais, que reve-
A reabsorção do edema e a atenuação das pressões inters-
laram que culturas de células epiteliais apresentam maiores
ticiais, secundária à vasoconstricção hiperóxica, contribui para
taxas de crescimento quando expostas a ambiente hiperóxico.
o reforço do efeito anti-isquémico da oxigenoterapia hiper-
Contudo, há que ter em conta que os efeitos favoráveis,
bárica, por menor compressão microvascular local e por redução
proporcionados pela inalação de O2 em meio hiperbárico, só
da distância de difusão do O2 dos capilares para os tecidos
ocorrem em feridas hipóxicas e hipovascularizadas.
Aumento da actividade fagocitária dos leucócitos:
inalação de oxigênio puro em meio hiperbárico, pro-
O aumento das tensões de O2 ao nível dos tecidos, reforça
porciona um aumento das tensões de O2 ao nível dos
a actividade leucodiapedética e a capacidade fagocitária dos
tecidos ulcerados hipóxicos, suficiente para suprir as
polimorfonucleares neutrófilos activados, que depende em
necessidades metabólicas acrescidas dos fibroblastos, em fase
grande parte (em cerca de 60%), do sistema das peroxidases
de divisão celular activa e de síntese de colagéneo, permitindo-
que utilizam o O2 molecular como substracto e que está abolida
lhes, assim, o normal desempenho das suas funções.
quando as tensões locais de O2 são inferiores a 28 mmHg.
A hiperóxia aumenta, a nível fibroblástico, a taxa de
hidroxilação translacional do aminoácido prolina das proteínas
Aumento do poder bactericida dos leucócitos:
do colagéneo, que é catalizada pela enzima prolil hidroxilase,
A hiperóxia reforça o poder bactericida dos polimorfo-
que utiliza o O2 molecular como substracto, e que se revela
nucleares neutrófilos, por aumento da síntese intra-leucocitária
indispensável à exportação extracelular do colagéneo.” A
de radicais superóxido resultante da activação da via oxidativa
hiperóxia aumenta, desta forma, a taxa de sínetes fibroblásticas
(oxigenase) ligada ao NADPH, em consequência da maior
de colagéneo e a sua ulterior deposição na matriz de tecido
disponibilidade intracelular de O2 molecular. Nos leucócitos, o
radical superóxido e outros agentes oxidantes dele derivados
A deposição de colagéneo no espaço extracelular não
promovem a lise das bactérias contidas nos fagosomas, por
ocorre para tensões locais de O2 próximas do zero, é metade da
peroxidação dos lípidos de membrana, com perda da sua
máxima, segundo alguns autores, para tensões locais de O2 de
20 mmHg, segundo outros, para tensões de 100 mmHg, e é
Experimentalmente, constactou-se que a resistência má-
máxima para tensões variando entre os 200 mmHg e os 1.000
xima dos leucócitos face às infecções, ocorre quando as tensões
mmHg. A hiperóxia estimula, a nível extracelular, a actividade
intra-leucocitárias de O2 são da ordem dos 750 mmHg, valores
da enzima lisina-oxidase, que promove a formação de pontes
estes que só se podem atingir em meio hiperbárico. Contudo,
covalentes e o reforço das ligações cruzadas entre as proteínas
dado que a curva de aumento das tensões de O2 a este nível é
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INALAÇÃO DE OXIGÉNIO EM MEIO HIPERBÁRICO:FUNDAMENTOS DA SUA UTILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO
do tipo hiperbólica, a maior percentagem do reforço da
Este efeito é mais evidente em relação aos germes anae-
actividade leucocitária bactericida, obtém-se dentro dos pri-
róbios estritos, ou obrigatórios, que estão desprovidos de
sistemas redutores ou anti-oxidantes, como é o caso dos
Nos doentes sujeitos a procedimentos cirúrgicos cont-
aminados, com uma taxa de predição de infecção de 30%, de
Em relação aos Clostridium, a HBOT promove a inibição
acordo com os critérios definidos pelos CDC, verificou-se
da formação de toxinas, mesmo antes de exercer o efeito bacte-
ausência de infecção nas feridas com tensões locais de O2 de
ricida. A lise bacteriana pode também ocorrer em bactérias pro-
90 mmHg, que se obtêm com inalação de O2 a 50%.
vidas de tais sistemas redutores dos radicais livres, em conse-quência da sua saturação e subsequente neutralização, pela
produção local excessiva de agentes oxidantes, em hiperóxia.
A hipóxia e a anaerobiose contribuem para a redução da
acção de muitos antibióticos, com é o caso dos aminoglico-
Efeito bacteriostático do oxigénio molecular:
sideos, da vancomicina, do cotrimoxazole, fluoroquinolonas,
O O2 molecular é um poderoso oxidante e quando presente
nitrofurantoina e rifamicinas. A elevação das tensões tecidulares
em elevadas concentrações, pode conduzir a uma deplecção
de O2, através da HBOT, revela efeitos sinérgicos em relação a
das cadeias redutoras bacterianas do tipo NADPH, inibir a
muitos destes antibióticos, restaurando a sua actividade
síntese proteica e de ácidos nucleicos e reduzir drasticamente
normal, e mesmo, em alguns casos, aumentando o seu poder
as reservas bacterianas de ATP, com paragem da sua proli-
antimicrobiano. Este efeito não é, contudo, universal, variando
feração. A hiperóxia pode revelar efeitos bacteriostáticos em
de acordo com o antibiótico em causa e com o microorganismo
relação a muitos germes anaeróbios (aerotolerantes) e a certas
envolvido na infecção. A HBOT prolonga o efeito pós-
antibiótico, aumentando a eficácia e a duração da acção de
As bactérias aeróbias podem evidenciar uma resposta
certos antibióticos. Pelos seus efeitos angiogénicos, a HBOT
bifásica à hiperóxia, que está bem documentada no caso das
promove a neovascularização das feridas infectadas, e através
Escherichia coli, das Pseudomonas aeruginosas, dos
da maior taxa de perfusão tecidular, aumenta a biodisponi-
Corynebacterium diphteriae e dos Staphylococcus aureus,
em que, para aumentos dos valores das pressões parciais deO2, entre 0,6 e 1,3 ATA, em contacto com a superfície dos seus
meios de cultura, se verifica um incremento da sua taxa decrescimento, enquanto que para valores das pressões parciais
Valores elevados das tensões tecidulares de O2 propor-
locais de O2 superiores a 1,3 ATA, se verifica uma inibição da
cionam a lise ou a paragem de crescimento de certas bactérias.
O grau de sensibilidade das bactérias está inversamente
relacionado com a existência, no seu seio, de sistemas enzi-
HBOT: efeito vasoconstritor, anti-edema.
máticos anti-oxidantes, como por exemplo, a superóxido dis-mutase (que reduz o radical superóxido em peróxido de hidro-
A inalação de O2 em meio hiperbárico faz-se acompanhar
génio e O2 molecular), as miloperoxidases (que conjugam o
de vasoconstricção reflexa, resultante da acção directa das
peróxido de hidrogênio com iões cloreto e iodeto, para formar
elevadas tensões sangíneas de O2 sobre a parede dos vasos,
hipoclorito e iodito), as catalases (que reduzem o peróxido dehidrogênio em O2 molecular e água) e a NADH oxidase (cataliza
que se traduz por uma redução do fluxo sanguíneo a nível
a conversão da cadeia redutora NADH em NAD+ e hidrogênio,
periférico, de cerca de 20%, nos tecidos normais, e por uma
que, por sua vez, se conjuga com o O2 formando água, redu-
redução do débito de transudação capilar, a nível microcircu-
zindo, desta forma a quantidade do substracto- O2- essencial
latório. Este fenômeno vasoconstritor hiperóxico, favorece a
à síntese de radicais livres). Certas espécies anaeróbias poderão
reabsorção do edema e a subsequente redução da pressão
ainda recorrer ao manganésio intracelular e a catalases exóge-
intersticial, melhorando a entrega de O2 aos tecidos.
nas, presentes no sangue ou nos músculos. As defesas anti-oxidantes são complexas e envolvem outras substâncias redu-
HBOP: recomendações para a sua aplicação no
toras, incluindo estruturas proteicas e lipídicas.
tratamento das lesões tróficas dos pés dosdiabéticos.
Efeito bactericida do oxigénio molecular:
A exposição das bactérias a ambiente hiperóxico pode
O Júri da conferência de consensus do European Committe
determinar a sua lise, por aumento da produção e da con-
on Hyperbaric Medicine (ECHM), sobre o valor do oxigénio
centração endo-bacteriana de radicais livres derivados do
hiperbárico no tratamento das lesões do pé em doentes
oxigénio, os quais promovem a alteração da síntese proteica e
diabéticos, realizada em Londres, em Dezembro de 1998,
de ácidos nucleicos, a inactivação de cadeias enzimáticas e a
postulou que há evidência, através de um certo número de
peroxidação das lipoproteinas de membrana, com perda da sua
estudos, cada um dos quais enferma de problemas metodo-
lógicos, que reforçam a pertinência da aplicação da HBOT nos
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problemas isquémicos com ameaça de viabilidade dos membros
dos doentes diabéticos, o que constitui uma evidência denível 2. A HBOT está recomendada no tratamento de certos
casos peculiares de úlceras que complicam os pés dosdiabéticos e que obedeçam aos seguintes critérios:
diabetes é a principal causa das úlceras crônicas, refrac-
• Úlceras em que a hipóxia está presente e contribui para a sua
tárias, ao nível dos pés. Entre os primeiros estudos, sobre
persistência e é susceptível de ser corrigida pela HBOT.
a aplicação do oxigênio hiperbárico no tratamento das
• Cirurgia de revascularização inexequível, ou persistência das
úlceras do pé diabético, está o de Hart et al, em 1979. Seguiram-
lesões tróficas, ou atraso da sua cicatrização, após a recons-
se-lhe outros estudos, como o de Barr e Perrins (1987), em que
foi retrospectivamente analisado o efeito da HBOT em 24
• TcpO2 igual ou superior a 200 mmHg, com inalação de
doentes com úlceras diabéticas, em complemento do restante
oxigénio puro a 2,5 atmosferas absolutas.
tratamento, tendo a taxa de cicatrização das úlceras sido de
• Pressão sistólica ao nível do tornozelo e ao nível do dedo do
67% e tendo sido a amputação evitada em 18% dos casos.
pé, igual ou superior a 75 mmHg e a 30 mmHg, respectiva-
Oriani et al (1990) realizaram um estudo retrospectivo
controlado, que demonstrou que a HBOT em complementodo tratamento de doentes hospitalizados com gangrenadiabética, proporcionou a redução da taxa de amputações de
Hipóxia corrigível com inalação de oxigênio em meio hiperbárico
Cirurgia de revascularização inexequível/ persistência das lesões/
Wattel, Mathieu et al (1991), Cianci et al (1991) e Faglia e
atraso de cicatrização após reconstrução arterial
Oriani (1994), em grupos de 59, 40 e 86 doentes com pé diabético,submetidos a HBOT, obtiveram curas em 48, 31 e 77 doentes e
TcpO2 superior ou igual a 200 mmHG com FiO2 = 1 a 2.5 ATA‘S
falências em 11, 9 e 9 doentes, respectivamente.
Pressão sistólica tornozelo superior ou igual a 75 mmHg
Baroni G et al (1987) realizaram um estudo prospectivo
relativo à eficácia da HBOT nas úlceras diabéticas, que incluiu
Pressão sistólica do dedo do pé superior ou igual a 30 mmHg
dois grupos de doentes hospitalizados: no grupo de controle,apenas um dos dez doentes evoluiu para a cura e quatro foram
Quadro VII – Úlcera diabética: critérios para HBOT (ref.48)
amputados; no grupo de 18 doentes que beneficiaram de HBOT,16 evoluiram para a cura e dois foram amputados.
Outros estudos prospectivos foram reportados por Doctor
A medição da pressão transcutânea de O2 (TcPO2) é um
e por Zamboni, mas o maior estudo prospectivo randomizado
método não invasivo que reflecte o grau de oxigenação teci-
realizado até à data foi publicado por Faglia et al, em 1996, o
dular, nomeadamente no decurso das sessões de HBOT, e que
qual englobou 70 doentes com úlceras diabéticas graus 2, 3, 4
se tem, como tal, revelado de grande utilidade na selecção dos
de Wagner, dos quais, 35 com HBOT em complemento da
candidatos a esta modalidade de tratamento, na elaboração do
restante terapêutica, e 33 sem HBOT. No grupo que beneficiou
prognóstico nestes doentes, e na monitorização dos efeitos
de HBOT, a taxa de amputações foi de 8,6% (uma acima do
da inalação de O2 em ambiente hiperbárico.”
joelho e duas abaixo do joelho), no grupo que não beneficiou
A medição dos valores da pressão transcutânea de oxigé-
de HBOT, a taxa de amputações foi de 33,3% (quatro acima do
nio baseia-se na redução electroquímica das moléculas de
joelho e sete abaixo do joelho). Este estudo revelou uma redu-
oxigénio em contacto com o cátodo de um eléctrodo polaro-
ção estatisticamente significativa do risco relativo de ampu-
gráfico de Clark modificado, que inclui uma resistência de
tação (RR00,25), sendo a significância mais elevada no grupo
aquecimento termoestabilizada, habitualmente entre os 42 e os
de doentes com úlcera do grau 4 (2/22 no grupo com HBOT,
A corrente gerada pela redução do oxigênio é directamente
Globalmente, estes estudos revelaram percentagens de
proporcional ao número de moléculas de O2 presentes no meio
curas (Cicatrização das lesões) da ordem dos 70% a 80% e,
em contacto com o captor. Interpretação dos valores das TcPO2
consequentemente, taxas de falência da terapêutica, de 20% a
registrados ao nível da ferida: Alguns consideram que, no caso
30%, traduzindo-se estas últimas por agravamento clínico, com
das úlceras diabéticas, têm indicação para HBOT, as feridas
com TcPO2 inferiores a 20 mmHg em ar ambiente, cujos valores
A optimização dos resultados terapêuticos poderá ser
excedem os 200 mmHg, com inalação de oxigénio puro à pressão
obtida através de uma mais criteriosa selecção dos candidatos
ambiente de 2,5 atmosferas absolutas (2,5 ATA’s).” Outros
à HBOT, por meio das medições das pressões transcutâneas,
consideram que valores da TcPO2 inferiores a 30 mmHg indicam
ao nível dos pés ulcerados, em ar ambiente, e das suas varia-
que a ferida não cicatrizará sem tratamento complementar com
ções em ambiente hiperbárico, com inalação de oxigênio puro.
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INALAÇÃO DE OXIGÉNIO EM MEIO HIPERBÁRICO:FUNDAMENTOS DA SUA UTILIZAÇÃO NO TRATAMENTO DO PÉ DIABÉTICO
Ultimamente, tem sido reconhecida, por parte da comu-
13. Hunt TK. A new method of determining tissue oxygen tension,
nidade médica, a pertinência da utilização da HBOT nas lesões
tróficas dos pés diabéticos, o que justificou a inclusão desta
14. Hunt TK, Pai MP. The effect of varying ambient oxygen tensions
patologia entre as indicações reconhecidas para a oxigeno-
on wound metabolism and collagen synthesis. Surg Gynecol
terapia hiperbárica (recomendações da 1ª Conferência Europeia
de Consensus sobre a Medicina Hiperbárica, 1994).
15. Kivisaari J, Niinikoski J. Effects of hyperbaric oxygenation and
Contudo, cada vez mais se afigura de crucial importância,
prolonged hypoxia on the healing of open wounds. Acta Chir
a realização de um estudo prospectivo, randomizado, multi-
cêntrico, de dimensão supra-nacional, europeia, com vista à
16. Niinikoski J, Hunt TK. Measurement of wound oxygen with
eventual validação científica desta técnica complementar de
implanted silastic tube. Surgery 1972;71:22.
17. Mathieu D, Coget J, Vinckier L, et al. Filtrabilité erythrocytaire
et oxygénothérapie hyperbare. Medsubhyp 1984;3(3):100-104.
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