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AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DOS HORMÔNIOS 17 a-ETINILESTRADIOL
E ESTRADIOL EM FILTROS DE CARVÃO BIOLÓGICAMENTE
ATIVADOS EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO
Maria Fernanda de Andrade Pelarin1; William Deodato Isique2; Edson Pereira Tangerino3; RESUMO – A presença de hormônios naturais e sintéticos nos mananciais de abastecimento
público pode representar um risco à saúde humana comprometendo à qualidade das águas produzidas em Estações de Tratamento de Água (ETAs), estas, por sua vez, não são capazes de remover completamente tais micropoluentes. O uso de carvão ativado granular (CAG), como agente adsorvente, representa uma medida eficaz na solução deste problema. Entretanto, o CAG pode apresentar um tempo de uso limitado em uma ETA devido sua finita capacidade de adsorção, o que requer a sua regeneração periódica nos filtros. Contudo, estudos demonstram uma maior remoção de compostos orgânicos naturais e sintéticos em filtros CAG quando esses estão colonizados por microrganismos, formando um biofilme. Considerando estes aspectos o presente estudo teve por objetivo realizar a remoção dos hormônios 17a-etinilestradiol e estradiol em filtros de carvão granular com atividade biológica em condições de laboratório. Os resultados encontrados demonstraram que os filtros de carvão biologicamente ativados apresentaram remoção dos hormônios de forma compatível aos filtros CAG, o que indica uma alternativa no tratamento de água para remoção destes compostos indesejáveis na água potável. ABSTRACT – The presence of natural and synthetic hormones in the water supply can pose a
risk to human health compromising the quality of water produced at treatment plants water, these in turn are not able to completely remove such micropollutants. The use of granular activated carbon (GAC) as adsorbent agent, represents an effective measure in solving this problem. However, the GAC can provide a time of limited use in an ETA because of its finite capacity for adsorption, which requires the periodic regeneration in filters. However, studies show a higher removal of organic compounds in natural and synthetic GAC filters, when these are colonized by microorganisms, forming a biofilm. Considering these aspects, the present study aimed to perform the removal of 17a-ethinylestradiol and estradiol hormones on granular carbon filters with biological activity under laboratory conditions. The results showed that the filters with biologically-activated-carbon removed the hormones in a manner compatible with GAC filters, which indicates an alternative to treat water to remove these unwanted compounds in drinking water. Palavras-chave: 17a-etinilestradiol, estradiol, biofiltração.
1) Acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS/UNESP). E-mail: 2) Doutor em Química Analítica pelo Instituto de Química de São Carlos – USP de São Carlos. Técnico de pesquisa vinculado ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS) – UNESP. 3) Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento - Professor do Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha 4) Doutor em Engenharia Ambiental - Jovem Pesquisador FAPESP vinculado ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira (FEIS) – UNESP – E-mail: [email protected] INTRODUÇÃO
A crescente expansão dos grandes centros urbanos e industriais nas últimas décadas tem promovido o aumento na contaminação de rios, lagos e reservatórios por compostos xenobióticos. Tais compostos podem representar um expressivo comprometimento à qualidade dessas águas quando utilizadas para o abastecimento público sem um tratamento específico à sua remoção. Dentre os compostos xenobióticos cada vez mais presentes nos ambientes aquáticos, os hormônios, como os estrógenos naturais e sintéticos vêm recebendo maior atenção, em razão de sua capacidade de persistência no meio ambiente e estarem relacionados à etiologia de vários tipos de cânceres, além dos prejuízos ao sistema endócrino no homem (GHISELLI e JARDIM, 2007; SODRÉ et al., 2007). Estas substâncias de modo geral são classificadas como interferentes endócrinos, pois quando ingeridas em grandes concentrações ou por tempo prolongado a sua exposição, podem interferir no funcionamento das glândulas em animais, inclusive em seres humanos. Um estudo recente realizado na região metropolitana de Campinas (SP) constatou a presença de diferentes compostos xenobióticos, derivados de fármacos, hormônios sexuais e produtos industriais em águas superficiais dessa região (GHISELLI, 2006). Nesse estudo foi constatada a presença de hormônios naturais e sintéticos em águas bruta e tratada de estações de tratamento de águas (ETAs) com concentrações próximas as encontrados no corpo humano. Embora os valores encontrados não caracterizem um efeito tóxico única e exclusivamente a sua presença, a autora deste estudo reforça a necessidade da criação de programas de monitoramente à presença desses compostos e uma adequação nos processos de tratamento de água para remoção dessas substâncias quando detectadas (GHISELLI, Hormônios naturais e sintéticos
Hormônios são mensageiros químicos que respondem pela comunicação entre diferentes tipos de células, as quais identificam os hormônios através de receptores que são estruturas protéicas especializadas em reconhecimento molecular (SIMMONDS, 1992) Depois da aproximação e interação (hormônio-receptor) ocorre uma série de reações bioquímicas, levando as respostas biológicas Os hormônios sexuais são produzidos a partir do colesterol e podem ser classificados em hormônios sexuais femininos, ou estrógenos; hormônios sexuais masculinos, ou andrógenos, e hormônios da gravidez, ou progestógenos (SOLOMONS, 2000). Destes diferentes grupos, os estrógenos naturais fazem parte de um grupo de hormônios esteróides lipossolúveis originados a partir do colesterol ou da acetil coenzima-A (TAPIERO et al., 2002). Além dos hormônios naturais, muitos fármacos possuem em sua formulação de esteróides produzidos artificialmente. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2 Dentre os estrógenos, o 17ß-estradiol, estriol, estrona e o sintético 17a-etinilestradiol (Figura 1), são aqueles mais amplamente desenvolvido para uso médico em terapias de reposição hormonal e métodos contraceptivos (SONNESCHEIN e SOTO, 1998). Estes hormônios são também aqueles que despertam maior preocupação, tanto pela potência como pela quantidade contínua introduzida no ambiente (REIS Figura 1. Estruturas dos principais hormônios estrógenos.
Estes hormônios acima apresentados possuem uma melhor conformação reconhecida pelos receptores e, portanto, resultam em respostas máximas, sendo considerados como responsáveis pela maioria dos efeitos interferentes ou disruptores desencadeados pela disposição de efluentes (REIS FILHO et al., 2006). A sua estrutura química destes compostos apresenta relativa semelhança, diferindo apenas quanto a sua meio vida (Tabela 1). Tabela 1. Propriedades de alguns principais estrógenos. Adaptado de Reis-Filho et al. (2007).
m: massa molar; Sw: solubilidade em água (200C, pH 7); Kw: coeficiente de partição etanol/água; XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 3 Contaminação dos ambientes aquáticos por hormônios
Inúmeras atividades contribuem para o aporte de substâncias químicas no ambiente. As vias de disseminação mais comuns dos hormônios naturais e sintéticos são os efluentes domésticos descartados em meio fluvial ou marinho. O lançamento de efluentes in natura ou mesmo processados são as principais vias de contaminação do ambiente aquático, seja pelo déficit de infra-estrutura em saneamento, seja pela ineficiência (tecnológica e/ou operacional) das estações de tratamento (ERICKSON, 2002). Apesar de possuírem uma meia-vida relativamente curta quando comparados a outros compostos orgânicos (como alguns pesticidas), os estrógenos naturais são continuamente introduzidos no ambiente (Tabela 2), o que lhes concede um caráter de persistência. Cerca de 60% do fármaco é excretado pela urina e 40% pelas fezes, por meio de conjugados e vários metabólitos polares (GILMAN et al., 2003). Desse percentual de liberação, cerca de até 40% das doses ministradas de estrógenos sintéticos podem ser disponibilizadas para o ambiente (JOHNSON et al., 2000). Tabela 2. Quantidade média de estrógenos diariamente excretada na urina de humanos. Fonte: REIS
FILHO (2006) adaptada de JOHNSON et al. (2000). NR: valores não reportados na literatura A maioria do material estrogênico excretado proveniente dos seres humanos, e que esta presente em efluentes domésticos, encontra-se na forma menos ativa de conjugados (glicuronidas e sulfatos). Entretanto, a ocorrência de estrogênios “livres” em efluentes de estações de tratamento de esgotos (ETEs) indica que os metabólitos de estrogênios são convertidos de volta a sua forma ativa durante o tratamento dos efluentes (BARONTI, 2000). Alguns pesquisadores sugerem que a desconjugação ocorre durante o tratamento de esgoto processo na própria ETE (JOHNSON et al., 2000; SOLÉ et al., 2001; ERICKSON, 2002). A bactéria Escherichia colli, que é eliminada em grandes quantidades nas fezes, é apta em sintetizar grandes quantidades da enzima ß-glicuronidase (DRAY et al., 1972), a qual tem sido sugerida como responsável pela desconjugação dos metabólitos estrogênicos. Logo, os hormônios naturais e sintéticos, utilizados comumente em pílulas anticoncepcionais (como exemplos, 17a- etinilestradiol e levonorgestrel) permanecem na sua forma ativa nos efluentes, os quais podem exercer XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 4 influências no sistema reprodutivo de peixes e outros organismos aquáticos em concentrações mínimas O destino dos estrógenos no ambiente depende de suas características físicas e químicas e das propriedades do meio receptor. As inúmeras variáveis que atuam em conjunto no ambiente aquático, como temperatura, turbidez, pH, alcalinidade, oxigênio dissolvido, radiação, matéria orgânica e concentração de diversas outras substâncias, tornam a tarefa de modelar o comportamento destes compostos bastante complexos. Devido a sua lipofilicidade e baixa volatilidade, o processo de sorção em sedimentos suspensos pode ser um fator significativo na redução dos estrógenos na fase aquosa (LAI et Riscos dos hormônios naturais e sintéticos a saúde humana
Os hormônios naturais ou sintéticos quando contaminam o ambiente aquático, seja em decorrência de um déficit de infra-estrutura em saneamento ou pela ineficiência (tecnológica e/ou operacional) das estações de tratamento (ERICKSON, 2002), podem vir a serem disponibilizadas na água de consumo. Tais compostos quando internalizadas no corpo humana podem promover efeitos de alteração ou desregulação das funções endócrinas. Estes efeitos podem estar associados a sua interferência na síntese, secreção, transporte, ligação e ação ou eliminação de hormônios naturais do organismo, conduzindo a uma nova resposta hormonal, fraca ou forte, que resulta em um sinal inexato para o corpo (BIBBO et al., Os hormônios, assim como outros interferentes endócrinos podem imitar a ação dos hormônios naturais levando o organismo a desencadear de um modo exagerado ou em tempo inapropriado a um estímulo falso, sendo o fenômeno designado por efeito agonista. Outras substâncias podem bloquear os receptores específicos a um determinado hormônio endógeno, reduzindo ou anulando os estímulos em certas partes do organismo que normalmente lhe são sensíveis, sendo este fenômeno determinado por efeito antagonista. Os principais fatores que influenciam o modo de atuação dos interferentes endócrinos no organismo relacionam-se com a natureza, concentração e tipo de interação, além do tempo de exposição, fatores genéticos, especificidade dos tecidos, idade, sexo, entre outros (BIBBO et al., 1978). As conseqüências mais severas associadas aos interferentes endócrinos podem ocorrer não apenas nos organismos durante o contato direto, mas pela transferência da mãe para o feto (efeito teratogênico) causando anomalias reprodutivas, ou mudanças que podem provocar um desenvolvimento desordenado de células na prole, induzindo cânceres (BAIRD, 2002). XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 5 Remoção de hormônios em águas de abastecimento público
Em todo o mundo, ações restritivas por parte dos órgãos governamentais vêm estabelecendo diretrizes e regulamentações objetivando proteger a saúde humana e os ecossistemas naturais dos indesejáveis efeitos destas substâncias. A presença de diferentes compostos que agem com interferentes endócrinos em águas aduzidas para ETAs, representa atualmente um desafio para a retenção, remoção destas substâncias, e a manutenção do padrão de qualidade da água de consumo. Normalmente, os métodos tradicionais de tratamento de água, que incluem as etapas de coagulação, clarificação, filtração e desinfecção, não são eficazes na remoção dos hormônios (BUNDY et al., 2007). De acordo com as propriedades físicas e químicas dos hormônios, pôde-se observar que esses estrogênios são compostos orgânicos hidrofóbicos de baixa volatilidade, podendo apresentar uma solubilidade em água entre 12,96 mg/L para o hormônio natural 17ß-estradiol, e 4,83 mg/L para hormônio sintético 17a- etinilestradiol (LAI et al., 2000). O uso de carvão ativado (granular ou pó) em complemento aos métodos convencionais de tratamento de água possibilita uma melhor eficiência para remoção de hormônios (BUNDY et al., 2007). O carvão granulado (GAC) é o adsorvente normalmente utilizado em colunas de leito fixo, apresentando algumas vantagens em relação à utilização de carvões em pó (PAC), como, por exemplo, fácil manejo e a possibilidade de aplicação de um processo de regeneração do carvão. Entretanto, o uso destes processos complementares, representa uma elevação dos custos de tratamento desta água em uma ETA de modo a garantir os padrões satisfatórios de sua qualidade. A literatura tem demonstrado que a vida útil do CAG em ETAs, dependendo das características da água bruta e do adsorvato, esta em torno de 90 dias a 150 dias, principalmente quando estes se destinam a adsorção e redução da concentração de compostos orgânicos sintéticos, substâncias húmicas e os trihalometanos (GRAESE et al., 1987). Conseqüentemente existe um grande interesse no desenvolvimento de sistemas de tratamento de água que utilizam carvões ativados mais eficientes na remoção de micropoluentes, bem como no aprofundamento do estudo da adsorção destes compostos em fase aquosa onde há interferência de matéria orgânica, que contribui negativamente para a eficiência de remoção do carvão (SMITH et al., 1985). Remoção de hormônios em filtros de carvão ativado biologicamente
Dentre os métodos desenvolvidos com intuito de melhorar o padrão da qualidade da água potável, o sistema de biofiltração com filtros de carvão ativado biologicamente representa uma método promissor e eficiente às estações de tratamento de água. A principal característica deste sistema de tratamento de água esta na capacidade destes biofiltros em remover compostos biodegradáveis que compreendem a maioria da fração indesejáveis da matéria orgânica (SERVAIS et al., 1994). XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 6 Um filtro de carvão ativado biologicamente (CAB) funciona como um bioreator em que dois processos ocorrem simultaneamente, a biodegradação e a adsorção sobre o carvão ativado (bioadsorção). Durante o processo de biodegradação, os diferentes compostos orgânicos são constantemente metabolizados pelos microorganismos formadores do biofilme (SERVAIS et al., 1994). Este processo de metabolização da substância química adsorvida é conhecido como bioregeneração. Com a bioregeneração, o tempo de vida dos filtros CAB pode ser prolongado e a atividade do carvão não requer uma freqüente e dispendiosa regeneração. A taxa de bioregeneração é controlada pela difusão das partículas do substrato absorvente para a outra superfície do carvão ativado granulado (CAG), onde a biodegradação ocorre (SERVAIS et al., 1994). A combinação dos processos de bioadsorção e biodegradação em filtros CAB minimiza a flutuação da qualidade da água tratada. Em condições de elevadas concentrações de poluentes na água, os processos de bioadsorção apresentam domínio em relação à biodegradação, mas quando esta concentração de poluentes reduz, a biodegradação assume este papel (SOBECKA et al., 2006). O processo de biodegradação aumenta a capacidade de adsorção do carvão ativado e como conseqüência, a remoção de compostos não biodegradáveis da água é realçada (SERVAIS et al., 1994; SOBECKA et al., De acordo com Servais et al. (1994), os filtros de carvão granular (CAG) representam um bom substrato para o desenvolvimento e fixação de microrganismos sobre sua superfície e no interior de seus poros (micro, meso e macroporos). O uso de microrganismos com habilidade de biodegradar e biotransformar compostos orgânicos naturais e sintéticos em um ecossistema particular tem sido um importante campo de estudos nas ultimas décadas (HEINICKE, 2005). Estudos têm sido conduzidos sobre a degradação de grupos de hormônios (estrona, 17ß-estradiol e 17a-etinilestradiol) por microorganismos provenientes ETEs, utilizando-se culturas mistas presentes no lodo de estações de tratamento (VADER et al. 2000; LEE e LIU, 2002; WEBER et al., 2005). Alguns autores destacam a utilização destes biofiltros como alternativa viável para o tratamento de água, mantendo eficiência na remoção de compostos químicos e do carbono orgânico biodisponível, sem qualquer caracterização de riscos de contaminação microbiológica da água para consumo humano (HEINICKE, 2005). Neste contexto, o uso dos filtros CAB em uma ETA poderia ser utilizado para remoção de resíduos de hormônios que venham a contaminar os mananciais de abastecimento devido à sua introdução por sistemas de tratamento de esgoto domésticos, industriais, ou escoados durante períodos de chuvas. Tal proposta torna-se viável, uma vez que microrganismos contidos no biofilme formado nesses filtros poderiam atuar na biodegradação destes compostos presentes na água, a fim de manterem seu metabolismo e crescimento. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7 OBJETIVO
O objetivo desse trabalho foi avaliar a remoção dos hormônios 17a-etinilestradiol e estradiol em filtros de carvão granular com atividade biológica em condições de laboratório. MATERIAIS E MÉTODOS
Todos os ensaios envolvendo a biofiltração dos hormônios (17a-etinilestradiol e estradiol) foram realizados no Laboratório de Saneamento da Faculdade de Engenharia da UNESP, Campus de Ilha Solteira. Durante este estudo foi realizada a remoção dos hormônios 17a-etinilestradiol e estradiol na água por meio de filtros de carvão ativados biologicamente (CAB). Preparação dos filtros de carvão ativado biológico (CAB)
Para o experimento foram utilizados carvão com atividade biológica (CAB), colonizados em condições de laboratório. Este carvão foi acondicionado em filtros de vidro. Estes filtros constituem-se de colunas de vidro (borosilicato) de 10 cm, com diâmetro interno de 1,2 cm, preenchidos por 3 cm de uma camada de carvão, com aproximadamente 3,5 gramas (peso úmido). Foi utilizado o carvão de origem vegetal obtido da casca de coco, com grânulos de tamanho de 0,35 a 0,50 mm. Para a colonização do carvão, estes filtros receberam água bruta de um reservatório próximo da cidade durante 5 meses. A atividade biológica dos filtros CAB foi estimada pela determinação da taxa do consumo do oxigênio, em comparação com o controle. Ensaio de remoção dos hormônios em filtros de carvão ativados biologicamente
Para este ensaio foram utilizados 3 filtros CAB, expostos a uma da água de estudo preparada em laboratório (Tabela 3) e diluída com os hormônios 17a-etinilestradiol e estradiol (100 ng/L). Todos os ensaios foram realizados no escuro, a 23 ºC, sendo esta água bombeada para os filtros com fluxo contínuo por uma bomba peristáltica, com vazão 0,3mL/mL, e um tempo de detenção O controle desse ensaio foi constituído por 3 filtros carvão ativado granular (CAG) mantidos nas mesmas condições experimentais apresentadas, mas com a adição de uma solução de azida de sódio (4 mg/L) na água de estudo contendo o pesticida, de modo a inibir qualquer atividade metabólica dos microrganismos presentes nos filtros de carvão. Estes ensaios foram realizados durante 70 dias, sendo recolhidas amostras (200 mL) afluentes e efluentes dos filtros semanalmente para quantificação dos hormônios, leituras de pH e oxigênio XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8 Tabela 3. Composição da água de estudo preparada em laboratório.
A separação e quantificação dos hormônios (Figura 2) presente nas amostras (afluente e efluentes dos filtros) foi realizada em um cromatógrafo líquido de alta eficiência (Shimadzu, Japão), equipado com detector "Photodiode Array" (SPD-M20A), duas bombas de alta pressão (LC-20AT e LC-20AD), em coluna de fase reversa C-18 (modelo Shim-pack) com 4,6mm x 250 mm e diâmetro de partícula de 5 µm. A fase móvel foi constituída por uma solução acetronitrila:água (48/52), com um fluxo de 1 mL/min e um tempo de corrida de 10 minutos para cada amostra analisada. A análise foi realizada em sistema isocrático e o comprimento de onda selecionado foi de 280 nm para o hormônio. Foram injetados 20 µL de amostra sendo estas realizadas em triplicata. Figura 2. Perfil cromatográfico de padrões de hormônios: ß-Estradiol (T.R: 6.51) e 2- 17-a-
Estradiol (T.R: 6.98). Coluna: LC Column Zorbax ODS C18 (150 mm x 4.6 mm ID, patículas de XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados para o ß-Estradiol do ensaio demonstraram que ambos os filtros colonizados por microrganismos (CAB) apresentaram as maiores níveis de remoção, com valores extremamente reduzidos deste hormônio, quando comparado com os filtros desprovidos Galão CAG
Galão CAB
Filtro CAG
Filtro CAB

Figura 3. Concentrações do ß-Estradiol das amostras afluentes
(Galões BAC e GAC) e efluentes dos filtros (CAB e CAG) Com relação ao composto 17-a-Estradiol, pode-se constatar que os filtros biológicos de carvão mantiveram os maiores níveis de remoção, contudo foram verificadas oscilações entre estes valores deste hormônio durante o estudo (Figura 4). As concentrações de oxigênio dissolvido da água de estudo afluente dos filtros CAB foram em média (5,42 mg/L) menores que dos filtros CAG (5,55), comprovando uma possível atividade biológica dos microorganismos presentes no biofilme, em resposta a biodegradação dos hormônios XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10 Galão CAG
Galão CAB
Filtro CAG
Filtro CAB

Figura 4. Concentrações do 17-a-Estradiol das amostras afluentes
(Galões BAC e GAC) e efluentes dos filtros (CAB e CAG) Tabela 4. Valores médios de oxigênio dissolvido da água de estudo
afluentes dos filtros CAB e CAG
Os valores de pH da água de estudo dos efluente dos filtros CAB e CAG testados apresentaram valores próximos da neutralidade e entre si (6,74 e 6,91, respectivamente). As amostras coletadas dos galões CAB e CAG apresentaram variações entre seus valores de pH, contudo estes foram levemente ácidos com 5,46 e 5,75, respectivamente. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11 Os microrganismos presentes nos filtros de carvão (CAB) promoveram um possível efeito complementar na remoção dos hormônios, esta decorrente provavelmente da biodegradação destes compostos. Este estudo deixa evidente a capacidade destes microrganismos em utilizarem compostos orgânicos sintéticos (hormônios) como uma fonte extra de carbono para manterem seu metabolismo microbiano. Trabalhos realizados por Schrap et al. (2000) e López et al. (2000, 2005) relatam sobre potencialidade no uso de microrganismos capazes de metabolizados uma grande diversidade de compostos xenobióticos (e.g., pesticidas) presentes no solo e água como fontes de A possibilidade de seleção de linhagens específicas de bactérias capazes de metabolizar uma série de compostos exógenos presentes no ambiente (López et al., 2005), e o uso destes microrganismos como inóculos em filtros biológicos de carvão pode representa uma medida operacional a ser utilizada em ETAs para águas contaminadas por hormônios. A eficiente de remoção de hormônios utilizando os biofiltros de carvão pode representar uma proposta promissora no processo de tratamento de água, principalmente quando houver uma compreensão aprofundada da ecologia microbiana “in situ” sobre estes compostos em degradação e as condições adequadas para a biodegradação puderem ser identificadas e impostas sobre os filtros CONCLUSÕES
Foi constatada a remoção dos hormônios 17a-etinilestradiol e estradiol nos filtros de carvão com atividade biológica, sendo esta compatível ao dos filtros de carvão granular não A remoção dos hormônios nos filtros CAB comprova o potencial dos microrganismos no efeito de metabolização deste pesticida; O uso de filtros biológicos de carvão pode representar uma medida alternativa no tratamento de água para remoção de hormônios e outros compostos orgânicos que contaminem os mananciais de abastecimento público; Novos estudos são necessários nesta proposta, principalmente na caracterização das bactérias associados aos filtros de carvão com atividade biológica, de modo utilizá-las como inóculos nestes biofiltros, aumentando assim a eficiência de remoção de hormônios presentes em águas destinados ao abastecimento público. XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12 BIBLIOGRAFIA
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Source: http://www.abrh.org.br/sgcv3/UserFiles/Sumarios/982098ca8e216750d7557049bd922302_a0102edf7987e2428b2dc6a5d87dff44.pdf

Квасюк Евгений Иванович

Petr A. Kisselev vil.Latygovo, Sennenski distr., Witebsk region, USSR Chemical Faculty of the Byelorussian State University. Chemical Faculty of the M.Luether – University (Halle-Wittenberg, DDR) Post-graduate studentship at the Institute of Bioorganic Chemistry of the Byelorussian Academy of Sciences Junior Research Assistant at the Institute of Bioorganic Chemistry of the Byelorussian

May 2011 newsletter

MAY 2011 NEWSLETTER Wanted! We are thinking about setting up a ‘ Patient Reference Group ’ in order to get some feedback about the practice, pinch any ideas you might have that could improve things etc. The idea would be that a number of willing patients could be asked to comment and feedback ideas via email. It would also involve in-house surveys of a wider group of patients. If

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