Drogas na cultura de consumo - do estigma ao preço da felicidade
Drogas na cultura de consumo: do estigma ao preço da felicidade*
Muito antes dos usos de álcool e drogas serem naturalizados como expressões do
sofrimento humano, ambos já foram expressões de uma busca por transcendência, e
num certo sentido continuam a sê-lo, mesmo sendo configurado um conflito entre esta
busca e seus resultados. Na verdade, é significativo que se em torno de 5% da
população planetária consome psicoativos1, apenas uma parte destes são considerados
usuários problemáticos, contudo essa parte tem representatividade social suficiente para
estigmatizar “por tabela”, o conjunto total de usuários. Se invertermos a ordem dos
dados poderíamos hipoteticamente questionar: o que acontece com essa maioria que não
é necessariamente constituída por usuários problemáticos, mas que acaba herdando a
A estigmatização traz consequências às identidades dos usuários que talvez sejam
mais duradouras que o próprio efeito químico do uso. Quando o estigma – entendendo-
se estigma como um status negativo – de ser usuário adere à pele de um cidadão, sua
identidade torna-se passível de ser socialmente configurada de forma que outras de suas
características psicossociais constitutivas e papéis tendam a tornar-se secundários.
Nesse sentido, aqui é proposta uma reflexão não em torno do usuário que não tem
outra representatividade distinta da representatividade de usuário, mas do usuário que
consegue sustentar outros papéis sociais sem que o consumo de psicoativos o reduza ao
papel e à representação exclusivos de usuário. Talvez pareça estranho partir dessa
premissa ao tratar um tema que em muito é definido pela ilicitude e marginalização,
mas buscando um distanciamento epistemológico, não se deve tomar a ponta do iceberg
pelo iceberg ou a parte pelo todo. Assim, para uma leitura mais ampla do consumo de
drogas e suas implicações, faz-se pertinente analisar alguns perfis de usuários que
muitas vezes são motivo de comentários pelos corredores, mas que raramente são
levados para a sala de discussão com a devida seriedade que merecem: os usuários que
não fazem do seu consumo uma segunda identidade - ou mesmo em alguns casos,
* - texto originalmente publicado em: Os novos velhos desafios da saúde mental. LUIS, Margarita Antonia Vilar (Org.). Ribeirão Preto: DEPCH/EERP/USP, 2008. pgs.183-191. 1 - o relatório mundial sobre drogas 2005 emitido pela ONU (UNODC 2005) estima que haja 200 milhões de usuários de drogas ilícitas no planeta, concentrados na faixa etária entre 15 e 64 anos, sendo que este número apresentou uma alta de 8% em relação à pesquisa UNODC 2003.
Dessa forma, o que aqui é proposto é uma investigação sobre que redução de danos é
efetuada por esses consumidores socialmente incluídos e integrados que não se propõem
a abrir mão de seu consumo, já que suas práticas de consumo, mesmo passíveis de
estigmatização, não se mostram incompatíveis com seus papéis e seus controles sociais.
Como referência, parto da pesquisa que realizei no mestrado2, onde o foco é direcionado
para três perfis de usuários específicos:
1° - Seguindo indicações de que há um grande consumo de drogas lícitas e ilícitas
entre os biomédicos3, fui em busca de contatos na área específica que pudessem
propiciar uma interlocução, mas, de cinco contatos realizados, nenhum se dispôs a
participar da pesquisa com receio de que a exposição de sua privacidade lhes maculasse
a representação, mesmo sendo assegurado o anonimato. Já sendo esta recusa um dado
significativo, ainda pude registrar que tais usuários eram trabalhadores respeitados entre
seus pares e que a maioria deles inclusive mantinha segredo de seu consumo entre os
próprios familiares e amigos. Nesse recorte, é difícil negar que se escamotear tal
consumo preserva-lhes o respeito, por outro lado pode implicar em sofrimento psíquico
que tanto venha interferir indiretamente nas relações profissionais, como nas relações
sociais de modo geral, na medida em que tais usuários forem levados a encarar
publicamente questões ligadas ao consumo de drogas, como por exemplo, participar de
atividades cujo enfoque seja nitidamente antidrogas ou proibicionista.
2°- Ainda de acordo com o objetivo central da pesquisa anteriormente citada, foi
constatado um contingente significativo de professores universitários – em particular,
professores da área de ciências humanas – que também consome psicoativos, mas com
uma diferença significativa: muitos destes professores se propõem a discutir a
problemática, em grande medida como forma de reduzir seu sofrimento já que não se
sentem marginais em função de tal consumo. Esta postura, numa visão mais ampla da
problemática, acaba por configurar uma outra perspectiva, acadêmica e cientificamente
viável para abordar a questão: a perspectiva socioantropológica, distinta das
2 - Consumir e ser consumido, eis a questão! – configurações entre usuários de drogas numa cultura de consumo. PPGCS, UFBa, 2005.
3 - Uma pesquisa que analisou o consumo de drogas por estudantes da Faculdade de Medicina de Botucatu - Unesp, configurada em relação com outras oito escolas médicas paulistas, constatou um uso crescente de drogas do 1o ao 6o ano, e em especial os BZD - álcool 50% (42-50%); tabaco 7% (7-13%); solventes 8% (7-12%); maconha 6% (6-16%); benzodiazepínicos (BZD) 3% (2-9%); anfetaminas 1 % (0-1%), cocaína 0,5% (0,2-4%). Os dados entre parênteses indicam a variação entre as outras escolas, (KERR-CORRÊA, F., ANDRADE, A.G., BASSIT, A.Z., BOCCUTO, M.V.F. Uso de álcool e drogas por estudantes da Faculdade de Medicina de Botucatu. 1995).
perspectivas médica e jurídica que sendo perspectivas dominantes, de forma geral
projetam a representação do consumo de drogas como patologia e/ou contravenção aos
olhos do senso comum. A perspectiva socioantropológica enfoca o uso de drogas como
uma configuração social distinta das configurações estabelecidas como dominantes, sem
necessariamente imputar-lhe um juízo de valor estigmatizantemente transgressor, tendo
em vista que nem todo comportamento desviante é necessariamente errático.
Entretanto, esta predisposição reflexiva não blinda inexoravelmente tais professores
contra a estigmatização, apenas lhes fornece ferramentas argumentativas que atuam
como redutoras de danos sociais em relação ao preconceito reificado. Com este
objetivo, alguns mecanismos de defesa apresentam-se como viáveis, como por exemplo,
quando um dos interlocutores pesquisados afirma que ser professor já o protege do
estigma pelo status sustentado pelo título de professor universitário, porém, talvez esta
proteção aconteça em termos simbólicos, principalmente em seus campos de atuação
mais próximos, pois se sabe que tal status quo protetor pode ser facilmente anulado, ou
no mínimo reduzido se, simplesmente, este professor for detido por porte de um único
baseado. Além disso, numa cultura cada vez mais referenciada pelo discurso do
consumo, muitas vezes o grande agente de controle social já nem é a repressão policial,
“Eu me lembro que quando surgiu aquela propaganda4, que eu ficava pensando: a
gente que consome, a gente tá alimentando o tráfico. Eu fiquei muito preocupada com
isso. Quando via a propaganda, eu dizia: Nossa Senhora, é fato! Não vou parar de
comprar, mas eu tô alimentando também, eu tô alimentando a marginalidade.” -
Nessa fala reveladora, uma professora assim relatou o que sentiu quando começou a
circular na TV uma campanha publicitária que culpabiliza o usuário pela violência do
tráfico. O fato é que muito mais do que preocupada, ela sentiu-se culpada.
Independentemente da informação veiculada pela propaganda ser precisa ou não, o que
nos interessa aqui são as consequências que tal informação acarreta, pois a associação
quase naturalizada entre drogas e marginalidade é um mecanismo que desvia a
responsabilidade das instituições estatais em relação à estrutura sociocultural vigente,
para o superego do consumidor final na forma de culpa - essa estrutura sociocultural em
4 - a propaganda mostra o dinheiro saindo da mão de um consumidor para a mão de um traficante, sendo então trocado por uma arma.
muito disfuncional acaba favorecendo a aproximação dos mais pobres do tráfico de
drogas. O objetivo dessa conversão de responsabilidade em culpa é causar um
sofrimento constrangedor ao usuário, contudo, tal medida está longe de resolver a
problemática do tráfico nos grandes centros urbanos, pois o que pode gerar uma
mudança qualitativa reestruturante em relação ao tráfico é um empreendimento sócio-
educacional nos grandes bolsões urbanos de pobreza.
A representação do traficante carregada de crescente teor de violência, através dessa
conversão da responsabilidade em culpa, vem aos poucos sendo tatuada na pele dos
usuários por via do discurso que acompanha algumas campanhas publicitárias de
prevenção – ou melhor, de combate - veiculadas desde o ano de 2002. Recentemente,
no final do mês de março de 2006, outra campanha com estrutura próxima intitulada:
“Quem usa drogas financia a violência”, possivelmente irá causar mais sofrimento ao
usuário, porém dificilmente irá resolver o problema da violência do tráfico. Nesse
sentido, não é de se estranhar que a interlocutora citada tenha sofrido ao se sentir
culpada por fumar maconha após assistir esse modelo de propaganda, contudo tal culpa
não a impede de afirmar: “Não vou parar de comprar”.
É necessário salientar que se estes dois primeiros perfis de usuários - biomédicos e
professores - têm condições de em seus campos de atuação realizar reflexões sobre o
que e o por que consomem, principalmente em função do nível de informações que em
seus campos circulam, nem todo usuário se encontra em condições de efetuar tal
reflexividade. Seguindo esta linha de raciocínio, me estenderei um pouco mais na
percepção reflexiva sobre o próximo perfil de usuário do que sobre os anteriores, pois se
estes dois ainda são alvos de poucas pesquisas, o terceiro perfil ainda está por ser
3°- Um dos aspectos da problemática das drogas que merece mais atenção na
contemporaneidade é que se as drogas ilícitas propiciam estigmatização social ao
usuário, algumas drogas lícitas - e aqui não me refiro ao álcool e ao tabaco e sim aos
fármacos - recebem um status cada vez mais balizado por uma cultura de consumo,
cultura onde havendo capital financeiro para investir, não há lugar para a infelicidade,
pois se busca equilibrar felicidade com segurança: é cerveja com 0% de álcool, café
livre de cafeína, doce sem açúcar, sexo sem o outro, drogas com prescrição.
Neste recorte, tal usuário não se percebe como usuário e nem assim é socialmente
representado, mas se percebe e é representado como cliente5 ou no mínimo como
consumidor de substâncias prescritas com a finalidade de lhe estabilizar a saúde.
Só para configurar a questão, a OMS sinalizou em 2001 que em 20 anos a depressão
que naquele ano atingia 6% da população planetária, será a maior causa de
incapacitação social, perdendo terreno apenas para as doenças cardíacas (Folha on line:
06/09/2001). A pergunta que fica no ar após tal projeção é: como será viável tratar uma
depressão coletiva, na medida em que nem sequer os supostos deprimidos fazem parte
de um grupo social definido e reconhecido como tal? Aqui o universo referido não se
limita a três ou quatro indivíduos, mas a milhões de subjetividades, algumas que nem
sequer sabem dos sintomas da depressão ou mesmo que os possuem. Nesse sentido,
fato incontestável é que o Prozac, antidepressivo mais vendido no mundo, foi o sexto
remédio com maior saída de mercado, faturando US$ 1,2 bilhão no ano 2000 às custas
de 11 milhões de usuários (Folha on line, 24/01/02). O Prozac é fabricado apenas desde
1987, o que torna seus números mais significativos – isto sem falar dos seus similares.
Mas se a depressão é representada midiaticamente como a enfermidade do futuro,
não é difícil constatar que, em casos onde o uso de drogas não corresponde a uma busca
de alteração de estado de consciência e sim a indicações médicas, muitas ambivalências
possam se delinear em função do cruzamento de poderes e saberes, que nem sempre têm
um interesse comum. Isso porque o médico ao iniciar um tratamento contra depressão,
pode não visar prioritariamente à compreensão do que desencadeou tal depressão e sim
a erradicação dos sintomas, inclusive ignorando alguns efeitos colaterais das
medicações, ao tempo em que o cliente pode desejar exatamente os efeitos colaterais
que o médico tenta evitar, ou mesmo não perceber que esses estão diretamente
Na configuração médico/cliente, nem sempre o médico compartilha plenamente seu
saber com o cliente, em função de resultados que apresentem efeitos secundários que o
paciente possa querer evitar - é o caso do Prozac que pode levar à redução do desejo
sexual. No equilíbrio da balança de poder das relações, a questão é: o que é prioridade
para o médico e/ou para o cliente, e nesta relação, qual prioridade deve ser atendida?
5 - cliente que consulta um sistema perito e sistemas peritos são, como diria Giddens: “sistemas de excelência técnica ou competência profissional que organizam grandes áreas dos ambientes material e social em que vivemos hoje” (1991: 35). Nesse caso, o sistema perito é representado por um médico que assegure que o consumo é muito mais uma necessidade que um desejo. Essa institucionalização do consumo permite ao cliente um status diferenciado do que teria um mero consumidor ou usuário, pois aqui ele é licitamente estabelecido e não um outsider, um transgressor de padrões comportamentais.
Uma das interlocutoras da pesquisa, Panacéia, usuária de ansiolítico e antidepressivo, -
inclusive já tendo usado similares do Prozac como Fluxene e Diaforin, ou
genericamente, cloridrato de fluoxenita - vem buscando a combinação farmacológica
certa que permita combater a ansiedade e a depressão, sem lhe causar sonolência,
inclusive já tendo trocado de médico. Em casos como este, não se deve ignorar que há a
possibilidade do médico não dominar todo o saber sobre as drogas que receita, e aqui
entra em questão a rede de comunicação/informação entre médico e laboratório/
Quando se trata de drogas lícitas, o conhecimento por parte do usuário pode não se
basear numa rede de informações configurada com outros usuários, mas sim na sua
confiança no sistema perito, representado pela figura do médico. Isso o deixa à vontade
para consumir sem maiores preocupações. Levando em conta que boa parte dos novos
consumidores de medicamentos antidepressivos nos EUA, são crianças com “problemas
de humor e de comportamento” (Kluger, 26/10/03), são os pais ou responsáveis que
num primeiro momento estarão livres destas preocupações, deste sofrimento.
E se a reflexão sobre o consumo de drogas e representação identitária do usuário na
cultura atual não deve se restringir às drogas ilícitas, recomenda-se levar em conta que o
consumo de drogas lícitas, nem sempre tem o aval de um médico. Sem entrar na
discussão sobre os riscos da automedicação, é emblemático – ou sintomático - o fato de
que no Brasil, onde muitos estão abaixo da linha de pobreza, em 2002 havia 54 mil
farmácias, enquanto por outro lado havia 50 mil padarias (Morais:2003,44). Sendo que
uma farmácia para cada 3 mil habitantes é mais que o dobro recomendado pela OMS, na
realidade social local, as drogas lícitas parecem ser tão configuradoras da cultura
vigente, quanto a comida, e sofre-se tanto por não ter acesso a um quanto a outro.
Entretanto, que não pareça que consumo de remédios sem receita médica seja um
problema relacionado à pobreza – remédio custa tanto ou mais que comida - pois, na
verdade, a cultura de consumo consegue ser mais complexa do que a falta de receita
médica sugere7: desde 2002, o "cibertráfico" realizado por farmácias virtuais com
6 - uma pesquisa de doutorado na Unesp, aponta que 27% dos médicos atualizam seus conhecimentos sobre os medicamentos que utilizam com os vendedores dos laboratórios (Jornal Nacional,14/05/04).
7 - é bom não desconsiderar que boa parte do consumo de drogas lícitas, medicamentosas, ainda é feito com receita médica. Panacéia que já dividiu receitas com um namorado, mostrou com prazer seu armário de remédios que pareceu uma vitrine de farmácia. O fato de serem drogas lícitas, a deixava mais tranqüila para consumir sem sofrimento quanto a aspectos morais, principalmente por não ter do que se sentir constrangida diante da filha.
ofertas de medicamentos supostamente controlados, vem seduzindo consumidores. O
trunfo desse comércio é que muitas dessas farmácias não exigem que o consumidor
apresente prescrição médica. Sua rede de divulgação se constrói a partir de e-mails,
geralmente em língua inglesa. Os consumidores básicos deste tipo de comércio são ex-
clientes de serviços médicos que continuam a usar os medicamentos mesmo após o fim
do tratamento, ou simplesmente usuários de drogas que querem recebê-las em casa, por
preços geralmente menores. (Coelho: 03/03/04).
Seguindo a perspectiva da globalização onde todo o planeta funciona como um
grande shopping center, além do comércio de drogas lícitas, há o cibertráfico de drogas
ilícitas. A edição do jornal Estado de São Paulo publicada em 01/07/02 traz uma
reportagem investigativa sobre essa modalidade de tráfico: “Farmácias Virtuais são
Nova Frente do Tráfico”, onde é afirmado que entre os principais "centros atacadistas"
de venda de drogas pela internet há sites da República Checa, Holanda e Tailândia.
(Pereira & Magalhães: 01/07/02). Nesse recorte, os usuários são configurados em rede
ao redor da droga, não caracterizando necessariamente uma comunidade de usuários, o
que significa, em outras palavras, que em certas configurações nem sequer é
fundamental que os usuários tenham conhecimento uns dos outros. A interpenetração de
objetivos de consumo configura uma rede de consumidores, cujas informações que
circulam entre eles são indiretas, verticalizadas, ligadas à conspicuidade do consumo e
não necessariamente à socialização e à identidade do grupo enquanto tal. Neste sentido
esses usuários são clientes estabelecidos.
Se os discursos do consumo e da globalização podem relativizar o sofrimento dos
usuários de drogas, isto se dá da seguinte forma: os usuários que dispõem de um serviço
terapêutico ou que podem acessar drogas lícitas, têm seu sofrimento reduzido por não
serem socialmente representados como usuários e sim como clientes, desfrutando até de
certo status, por assim serem representados. Já os usuários de drogas ilícitas, tendem
cada vez mais a sofrer com o estigma e a culpa que tal representação social acarreta,
independentemente de serem profissionais respeitáveis e mantenedores de seus papéis.
Assim sendo, a perspectiva socioantropológica aqui apresentada incide o foco sobre o
consumo de drogas, buscando configurar os parâmetros em que tal consumo passa a ser
“naturalizado distintamente” através do sofrimento relacionado às representações
atreladas aos excluídos economicamente e/ou aos outsiders aos valores culturais
dominantes. De igual maneira, enquanto perspectiva, focaliza a atenuação do
sofrimento dos incluídos economicamente por meio de seus controles e representações.
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Supplementary Text The RBR protein family Birgit Eisenhaber1,*, Nina Chumak2, Frank Eisenhaber1 and Marie-Theres Hauser2,* 1Research Institute of Molecular Pathology (IMP), Dr. Bohr-Gasse 7, A-1030 Vienna, Austria 2Institute of Applied Genetics and Cell Biology, Department of Plant Science and Plant Biotechnology, University of Natural Resources and Applied Life Sciences, Muthgasse 18,
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